Análise: Elden Ring Shadow of the Erdtree - Neo Fusion
Análise
Elden Ring
Shadow of the Erdtree
18 de junho de 2024

Elden Ring é um jogo especial. Ele não só serve como um amálgama de tudo de melhor que a FromSoftware vem fazendo desde 2009, como também atesta a criatividade quase infinita que Hidetaka Miyazaki e sua trupe possuem. É um jogo tão lendário quanto os maiores clássicos da indústria dos videogames e merece todo o reconhecimento que vai além de ter sido considerado o jogo do ano em 2022.

Agora, dois anos depois de seu lançamento e 25 milhões de cópias vendidas – um feito inédito para o estúdio japonês – temos em mãos o maior DLC já produzido pela From, Shadow of the Erdtree. E em se tratando de conteúdo adicional, a barra imposta pelo estúdio com os jogos passados (basta lembrar de Artorias of the Abyss ou de The Old Hunters, por exemplo) é bastante alta.

Com isso dito, a pergunta que fica é: seria Shadow of the Erdtree digno da grandiosidade mítica de seus irmãos mais velhos ou se trata de apenas mais um maculado infeliz que falhou na busca pelo anel prístino?

Flores

O Reino das Sombras (e das novas mecânicas)

A primeira coisa que preciso dizer sobre Shadow of the Erdtree é que essa não é uma expansão para principiantes. Não digo isso porque a exigência para acessá-la é relativamente alta – o jogador precisa derrotar Radahn e Mohg, dois chefes complicados e que não estão disponíveis logo de cara no jogo base –2 mas sim porque quanto mais tempo eu passava nela, mais sentia que seus desafios foram desenhados para aqueles que dominaram Elden Ring e se apaixonaram por cada um dos sistemas e mecânicas apresentados ao longo da jornada.

Coccoon
O Reino das Sombras, lugar para onde somos transportados após interagir com o casulo de Miquella, é tão vasto, diverso e visualmente belo quanto é amedrontador, punitivo e cruel. Nossa missão ao chegar nesse reino é, claro, seguir os passos do próprio Miquella, irmão desaparecido de Malenia, uma das chefes mais icônicas do jogo base.

Para isso, contamos com a ajuda de um grupo de novos NPCs seguidores de Miquella liderados por Leda, Cavaleira da Agulha. O tal grupo informa ao nosso maculado que Miquella deixou diversos sinais em forma de cruz espalhados por aquelas terras e que servem como um guia para descobrirmos seu paradeiro.

Nós podemos tanto seguir esses sinais e a direção apontada pelos Locais de Graça quanto simplesmente nos aventurarmos por aí como bem entendermos. A liberdade que já era presente no jogo base permanece forte em SotE, assim como também fica claro logo de cara que é preciso cautela ao explorar cada região, já que os desafios são imensos e o primeiro inimigo que encontramos, uma gigantesca fornalha ambulante à lá Kentaro Miura, está para poucos amigos.

Leda
Shadow of the Erdtree traz algumas mecânicas exclusivas do Reino das Sombras a fim de balancear nossa aventura por essas terras e encarar tais desafios. Isso se dá pela introdução de um novo sistema de level: a Bênção da Umbrárvore.

A bênção funciona como uma forma de aumentar nosso poder de ataque e diminuir a quantidade de dano que recebemos dos inimigos. Os valores desse aumento aparecem como uma porcentagem adicionada aos atributos base que nosso personagem já tem e podem ser vistos em amarelo no menu de status. O legal é que o acréscimo permanece ativo o tempo todo, independente do tipo de equipamento que estejamos usando, mas só funciona no Reino das Sombras e é inativado quando voltamos para as Terras Intermédias.

Conseguir a Bênção da Umbrárvore é simples, apesar do item ser raro: basta encontrar “fragmentos da umbrárvore” espalhados pelo mapa e pelas Legacy Dungeons e consumi-los ao descansar nos Locais de Graça. Obviamente, conforme aumentamos a quantidade de bênçãos que temos, maior é a quantidade de fragmentos que precisamos consumir para aumentarmos o level.

Stats
Da mesma forma que podemos deixar nosso personagem mais forte com a bênção, também há como aumentar o poder dos espíritos que invocamos para nos ajudar. A única diferença é que utilizamos o item “cinza espiritual reverenciada” e não há uma forma objetiva de saber quão mais fortes nossos summons se tornaram, ficando mais implícito no desempenho de cada um nas batalhas.

Há também diversas novas armas, feitiços e itens espalhados por aí. Elden Ring já possui uma excelente variedade de armas, com movesets e habilidades das Cinzas de Guerra únicos, mas o DLC expande essa quantidade de forma orgânica e bem-vinda.

Muitas das armas novas são super divertidas de usar e podem variar bastante o playstyle de cada jogador: você pode ir desde um mestre da esgrima até um poderoso lutador que enfrenta qualquer um com as próprias mãos (pense naqueles inimigos do Sekiro que lutam mano a mano). Há também várias animações novas para várias dessas armas e a combinação de todos esses fatores fortalece o senso de liberdade e a profundidade dos sistemas do jogo, bem como o famigerado “fator replay” – garanto que há muito o que explorar em termos de build e de customização e o mesmo pode ser dito dos novos feitiços.

Melhorar cada arma funciona da mesma maneira que no jogo base: durante a jogatina, encontramos as famosas pedras que entregamos ao ferreiro e assim vamos moldando nosso arsenal. No DLC, também retornam os itens que utilizamos no nosso frasco especial e que oferecem mais alternativas estratégicas para encarar cada região e cada chefe do jogo. Maneiras de nos fortalecermos, portanto, não faltam… mas isso de maneira alguma significa que Shadow of the Erdtree seja um passeio no parque. Você vai morrer. E vai morrer MUITO.

Um verdadeiro Elden Lord

Shadow of the Erdtree pode ser resumido da seguinte maneira: mais Elden Ring, porém mais conciso e ao mesmo tempo super denso e recheado de segredos, deixando o jogador ainda mais livre do que antes. O próprio level design do Reino das Sombras é um exemplo máximo disso.

Boss
Dividido em cerca de cinco áreas (ao menos quando contamos os fragmentos de mapa), o Reino das Sombras traz muito da mesma filosofia por trás do que havia de melhor nos mapas das Terras Intermédias e ainda vai além: torna a própria exploração um desafio em si mesmo já que determinados pontos são tão intrincados que viram verdadeiros labirintos com uma verticalidade digna do design genial do primeiro Dark Souls.

Cada uma das regiões é bastante única e distinta e não houve uma área sequer que eu não tenha achado super inspirada. Há uma em particular que é facilmente a região mais medonha de qualquer jogo da From e não faria feio se fosse parte do Bloodborne – aliás, o inimigo principal dela é mais macabro que qualquer coisa dele.

Obviamente, você pode seguir o caminho “sugerido” pela quest principal, mas se beneficiará muito se passar mais tempo explorando cada canto do mundo. Os segredos nesse mapa são inúmeros e isso vale tanto para o mundo aberto quanto para as excelentes Legacy Dungeons.

Field
Isso quer dizer que a oferta de conteúdo aqui é maior do que alguns dos jogos inteiros que a From já fez. Completar só o que é “obrigatório” deve levar de 20 a 30 horas, dependendo da sua habilidade com o controle. Já para quem quer ir a fundo em tudo que o DLC oferece? Que tal umas 50 horas ou mais?

Falar nessa duração pode até afastar algumas pessoas que sentiram que a qualidade caiu na segunda metade do Elden Ring base, mas eu não acho que isso seja verdadeiro aqui. Shadow of the Erdtree passa quase toda a sua duração trazendo novas ideias e inimigos mais interessantes que testam tudo que você aprendeu no jogo.

Ele também procura corrigir quase todos os problemas de repetição do jogo base, embora ainda não esteja perfeito: os dragões, por exemplo, continuam sendo meros reskins e, apesar de vermos muitos inimigos novos, ainda há aqueles que retornam das Terras Intermpedias, o que pode decepcionar quem espera enfrentar apenas inimigos exclusivos do DLC.

As “mini dungeons”, por outro lado, estão melhores aqui. Elas não só aparecem em menor quantidade, como têm muito mais cara de serem feitas a mão e suas recompensas valem o esforço. Da mesma forma, há os mausoléus abandonados, que guardam lutas desafiadoras tais quais os cárceres perpétuos do jogo base, oferecendo recursos preciosos ao jogador.

E um jogo de Hidetaka Miyazaki não valeria a pena se não trouxesse chefes legais, não é mesmo? Bem… nesse aspecto, Shadow of the Erdtree também surpreende. Cada um dos chefes principais é não só super desafiador, como continua provando a tal “criatividade quase infinita” do estúdio. Por motivos de spoiler, não posso discorrer sobre os melhores deles, mas vou só deixar avisado que é bom preparar seu coração, já que alguns dos combos e movesets desses malditos valem mais do que correr uma maratona inteira. E eu amei isso.

Messmer

Eu frequentemente penso que estúdios como a FromSoftware são únicos e raros. Há algo de especial e diferente neles e em seus jogos. Essa combinação de direção de arte primorosa, mecânicas sólidas, lore intrigante, músicas memoráveis, chefes criativos e desafiadores e uma atmosfera inigualável parecem ser a receita que torna um simples jogo algo transcendental. Shadow of the Erdtree tem tudo isso e não só mostra que esse DLC mantém o nível de qualidade das expansões anteriores como traz alguns dos conteúdos mais magníficos que a From já fez e é o amálgama perfeito do que há de melhor em seus jogos e no próprio Elden Ring. A busca pelo gentil Miquella, afinal, valeu cada segundo de sofrimento.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm