Análise: Shin-chan: Shiro and the Coal Town - Neo Fusion
Análise
Shin-chan:
Shiro and the Coal Town
24 de outubro de 2024

A série de mangá e anime Crayon Shin-chan faz parte do consciente popular japonês há mais de 30 anos. Não sei se ela chegou a ser popular no Brasil, mas ao longo dos anos conquistou certa popularidade devido a decisões criativas no processo de localização e tradução para outros idiomas.

O mangá já recebeu dúzias de adaptações para videogames, começando por um jogo de Game Boy em 1993, mas a maioria deles foram lançados apenas no Japão ou eram simples coletâneas de minigames. Shin-chan: Shiro and the Coal Town é a segunda entrada em uma “nova era” de jogos do personagem, que começou em 2021 com Shin-chan: Me and the Professor on Summer Vacation.

Não cheguei a jogar esse lançamento anterior, mas ambos títulos são esteticamente similares. Apresentam cenários estáticos ilustrados em 2D com os personagens renderizados em 3D com cel-shading, dando a eles um visual muito autêntico ao do anime.

Em Shiro and the Coal Town, acompanhamos Shinnosuke (Shin-chan), um garoto de cinco anos, em uma visita ao vilarejo dos seus avós, onde então o acompanhamos em atividades tipicamente japonesas e, eventualmente, em uma aventura surpreendente.

Um típico verão japonês

Na primeira camada do jogo, lembrei muito de Animal Crossing. Ao chegar no vilarejo, somos restritos a uma pequena parte dele e quase nada para fazer, até que nosso avô nos dá uma rede para capturar insetos e uma vara para pescar peixes, e a avó oferece umas sementes para plantar. Com isso, podemos começar a preencher uma “Pokédex” e ganhar uns trocados.

Ao nos movimentarmos pela vila, encontramos diferentes personagens oferecendo missões (usualmente relacionadas a coletar insetos, peixes e plantas) que aos poucos abrem novas áreas para explorar. Encontrar e cumprir essas missões, por mais que sejam frequentemente bobas, dá uma sensação satisfatória de progresso, similar às substories de Yakuza. Como o jogo funciona num ciclo de dias, há aquela vontade de descobrir se nossas plantas já estão prontas para a colheita, mas como os dias duram ~15 minutos ao invés do tempo real, esse loop é muito mais veloz do que em Animal Crossing.

Tratando-se de um garoto de apenas cinco anos, vê-lo andando pela cidade e cumprindo tarefas aleatórias me lembrou da série Old Enough, que coloca crianças japonesas exatamente nesse tipo de situação.

A cidade do carvão

A grande mudança acontece quando Shiro, o cachorrinho de estimação da família, volta para casa todo sujo de carvão. Ao segui-lo, Shin-chan descobre um trem que leva à misteriosa Coal Town, uma cidade de mineração que está em crise devido a decisões questionáveis de seu líder. Nela, há uma estrutura similar de jogo, porém dessa vez mais focado em minérios e materiais para ajudar os personagens a melhorarem a cidade.

Sempre há um limite de tempo em um dia, então não podemos passar muito tempo em Coal Town até que Shin-chan se sinta sonolento e volte pra casa. Mas então coletamos mais peixes e plantas, para que depois em Coal Town possamos usá-los para criar novos pratos no restaurante dali. Como um todo, é um loop de jogo bastante simples, mas foi agradável de fazê-lo no final do dia para relaxar do trabalho.

A parte mais divertida é quando abrimos as corridas de carrinhos de mineração em Coal Town. Em um sistema que mistura Mario Kart com os Pocket Circuits preferidos de Kiryu, acho que foi onde eu passei mais tempo. As corridas são legitimamente divertidas e requerem um bom nível de estratégia e destreza para atingir a pontuação necessária para os melhores prêmios.

Um ponto chato é que a economia do jogo oferece muitas coisas para comprar, mas poucas formas de conseguir dinheiro. Acabamos sempre conseguindo um monte de recursos que não são exatamente o que queríamos, mas não podemos vendê-los para comprar outros, apenas esperar que os classificados de uma das cidades tenha uma troca que nos convém. Isso até faz sentido no começo do jogo para não quebrar a progressão rápido demais, mas fica chato no final quando já temos quase tudo mas faltam uns ienes para fazer aquele upgrade maroto no carrinho.

Senso de humor caracteristicamente japonês

Assim como o mangá no qual é baseado, o jogo é voltado para um público infantil, porém há um senso de humor ocasionalmente inapropriado. Pelo que vi, isso é bem atenuado no jogo comparado com o anime, mas é de se observar. Shin-chan, na plenitude de seus cinco anos, frequentemente flerta com moças de vinte e poucos. Piadas sobre bundas são abundantes (😉), mas acho que essas são sempre feitas de formas bem inocentes. Talvez o mais esquisito é que, para correr, Shin-chan parece se tornar uma bunda ambulante. Difícil de descrever.

Narrativamente, a maior parte da história envolve elementos quotidianos do verão de Shin-chan e as melhorias que tentamos fazer em Coal Town. Dito isso, o final do arco de Coal Town envolve algumas surpresas e, sinceramente, me deixou um pouco emocionado.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm