Lançado em 2017 para PC, PS4 e Xbox One — posteriormente chegando ao Switch em 2019 —, Observer obteve crítica razoavelmente positiva. Com raízes fortes nos chamados walking simulators — jogos em que a principal ou única atividade é andar e interagir com o ambiente —, o título ainda se propôs ser uma aventura de detetive com trechos de horror psicológico em um contexto cyberpunk.
Observer: System Redux, versão expandida e retrabalhada para PC e consoles da nova geração, chegou em novembro deste ano. Para além das mudanças visuais a partir do poder dos novos hardwares, o marketing do título para o PS5 enfatizou o uso do controle DualSense como um novo aspecto da experiência.
O controle, diga-se de passagem, possui características e funcionalidades a princípio empolgantes e cheias de possibilidade quando pensamos em jogos de horror ou terror psicológico. Penso, inclusive, que games do tipo tem muito a ganhar com uma boa utilização do DualSense.
Quando tratamos da atmosfera e do retorno ao jogador, o novo controle do PS5 de fato aprimora esse tipo de experiência, acompanhando os batimentos cardíacos ao corrermos — além de estremecer aos passos de um grande perseguidor, dando uma noção razoável ao jogador de onde está a criatura. Para além disso, entretanto, não existem variações mais extensas vindas da interação com o DualSense.
Embora o título não seja exclusivamente um jogo de horror, sua atmosfera e proposta de jogatina levam a esse caminho. O personagem principal é um Observador, um funcionário da polícia investigativa encarregado de se conectar ao cérebro das pessoas para interrogar e extrair informações a partir da atividade cerebral desses mesmos depoentes. Situada na cidade polonesa de Cracóvia em 2084, a trama se inicia quando Daniel Lazarski, o protagonista, recebe um chamado de seu filho e o segue até um condomínio para investigar os eventos.
A união de alta tecnologia organizada de maneira tosca, “gambiarresca” e grosseira — passamos a maior parte do jogo em um prédio residencial de baixo padrão — com as alucinações vindas do inconsciente geram múltiplos momentos de tensão e terror. A construção imagética, aliada à resposta do controle, de fato me fizeram sentir medo e até mesmo desconforto. Nesse sentido, o título desenvolve bem seu ambiente de terror psicológico.
Observer: System Redux é também um jogo de detetive, walking simulator e título cyberpunk. Do ponto de vista das atividades de investigação, o título propõe o convencional esquema de analisar pistas no cenário, bem como ler relatórios e mexer em computadores alheios. A diferença está em dois modos de visão distintos do comum: um para analisar e ver objetos eletrônicos e outro para identificar matéria orgânica.
É interessante alternar entre os modos, e inclusive há bom uso dessa alternância em alguns quebra-cabeças. Estes, infelizmente, são poucos e concentrados na parte final. De qualquer forma, o jogo funciona de maneira bastante direta em relação ao que estamos investigando. Não há nada como um waypoint, mas o título guia bem o caminho do jogador, mesmo nos momentos de exploração mais aberta.
O aspecto de andar e interagir, no fim das contas, é o mais forte aqui. Mas esse andar, como apontado acima, está intimamente ligado à criação da atmosfera e ao horror psicológico construído a partir do embaralhamento entre realidade cibernética e imaginário onírico. Há, ainda, a apresentação de um ambiente Cyberpunk — gênero distópico no qual avançada tecnologia convive com caos e desgraça social.
Daniel Lazarski é um policial (corporativo), uma das figuras mais opressivas desse tipo realidade — e da nossa, para todos os efeitos. Seu contato com uma região mais empobrecida da cidade revela o esperado temor e asco da galera em relação a pessoas de seu tipo, e seu próprio ofício coloca um ponto importante: poder entrar nas memórias e inconsciente das pessoas é a forma de dominação e desvelamento mais absurda possível. Coloca-se, naturalmente, a pergunta: seríamos, enquanto sociedade, a favor de deixar pessoas e seus pensamentos nus e expostos ao estado e a corporações? Em troca de quê? Já não é algo em processo? Para além dessa questão, o título passeia sobre alguns outros questionamentos comuns ao tema, bem como faz sua dose de referências aos clássicos.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm