Após quase chegar ao fundo do poço tanto nos títulos principais quanto em spin-offs, parece que Resident Evil finalmente encontrou um equilíbrio entre o que a Capcom quer fazer e o que os fãs querem ver na série. Não é como se todas as entradas recentes transpirassem exuberância e excelência em todas as suas características (vide a recepção divisiva do remake de Resident Evil 3), mas é fato que, desde a primeira implementação da RE Engine, a série segue mais agradando do que desagradando.
A franquia de survival horror mais popular dos videogames passou por três paradigmas que definem sua estrutura: jogos de câmera fixa com cenários pré-renderizados, jogos de câmera livre em terceira pessoa mais focados em ação e jogos de terror em primeira pessoa, respectivamente inaugurados a partir de Resident Evil (1996), Resident Evil 4 (2006) e Resident Evil VII: Biohazard (2017). Na próxima entrada da série, ainda viveremos o horror em primeira pessoa, mas as referências e os detalhes aparentam ser mais próximos dos elogiados clássicos do que nunca — sem deixar de incluir uma diversidade de temas folclóricos e de ficção que engrossam ainda mais o caldo para nossa alegria (e desespero).
Durante a primeira demonstração aberta ao público de Resident Evil Village, disponível em janeiro deste ano apenas para o PS5, tomamos o controle de um personagem que, até o momento, não se pode afirmar com certeza quem é. Por outro lado, podemos afirmar quem ele não é: Ethan Winters. O protagonista do sétimo título numerado da franquia está de volta, porém o contexto no qual somos inseridos se passa cerca de 60 anos antes da atualidade — e é possível identificar esse fato pelas datas e referências nos documentos que encontramos pelo caminho.
Essa primeira e curta experiência no mundo de Resident Evil: Village se limita à exploração e à introdução de alguns elementos mecânicos e temáticos que encontraremos ao longo da campanha. Partindo de uma cena na qual nos levantamos com dificuldade do chão — quase um tropo para recentes jogos recentes de terror —, temos como meta escapar daquele ambiente cabuloso e pútrido repleto de aparatos de tortura. Segredos escondidos nas paredes, desafios lógicos mais simples e pistas soltas sobre o que se passa por ali crescem à medida que desbravamos o caminho para longe da masmorra e para dentro dos aposentos mais habitáveis do castelo.
As referências ao folclore europeu na demo em questão são mais focadas nos vampiros, especialmente quando observamos todo o culto em torno do vinho (fica aqui o questionamento se o conteúdo dos tonéis na adega por onde passamos é realmente a bebida fermentada). Apesar de aparentemente ser uma construção que data de séculos anteriores, essa região do castelo Dimitrescu remete bastante à sensação da mansão Spencer, com corredores estreitos e uma estrutura labiríntica que promove o backtracking.
A segunda oportunidade de experimentar o jogo ficou disponível nos últimos dois fins de semana exclusivamente para consoles PlayStation — pelo menos até o dia 1° de maio, quando todas as plataformas terão acesso antecipado a essa versão estendida de teste do jogo. Na ocasião, tive acesso às duas partes (Vilarejo e Castelo) no PS5 por 30 minutos e apenas uma vez para cada segmento. A decisão de marketing focada em manter o jogo na boca do povo por mais dias limitando o tempo de jogo não é das melhores para quem gosta de criar teorias sobre o jogo final, mas não é como se os jogadores e jogadoras não pudessem criar contas alternativas para desfrutar mais um pouco da experiência.
A primeira parte é ambientada em um vilarejo bastante sombrio, com estátuas, portões e casebres limitando nosso alcance de visão das cercanias adjacentes. Agora na pele de Ethan Winters, partimos de uma conversa com uma misteriosa senhora e descobrimos que a filha de Ethan, Rose, foi realmente trazida para as proximidades. Nosso papel é levantar informações sobre o paradeiro da jovem, uma premissa um tanto familiar para quem já está acostumado com a série.
Em termos de jogabilidade, finalmente colocamos as mãos em armas de fogo — e não por acaso: algumas criaturas violentas dão as caras enquanto nos camuflamos por entre vegetações altas. O combate, movimentação e as estratégias acontecem essencialmente como na outra aventura de Ethan, mas a criação de itens por meio de recursos coletados e a forma de armazenamento dos mesmos no inventário ganha destaque por aqui. Munição e medicação não parecem estar disponíveis para uso com tanta frequência, o que intensifica ainda mais a tensão associada às sobrevivência.
Em termos de temática e influência, esbarramos um pouco nos cultos a figuras humanas — como é o caso da recorrente menção à Mãe Miranda — e também testemunhamos com os próprios olhos uma transformação assustadora (que deixarei para você descobrir por conta própria). Mesmo sem explicar muito como os eventos se relacionam entre si, nos colocando em uma situação de constante investigação e fuga, a primeira parte convence e instiga de uma forma bastante agradável.
A segunda parte da demonstração inicia nos suntuosos cômodos do castelo Dimitrescu, porém, quando me dei conta exatamente do que estava fazendo — lá para a metade nessa segunda parte —, fiquei um pouco decepcionado. Essa seção é basicamente a demo Maiden em ordem invertida, com algumas adições e subtrações para não dar tanto na cara. Confesso que esperava alguma ambientes um pouco mais diferentes do que eu já havia conhecido há alguns meses.
Por outro lado, as ameaças vampirescas estão mais vivas do que nunca: em alguns momentos, somos obrigados a enfrentar ou fugir de uma das perigosas damas sugadoras de sangue. Para isso, precisamos estar com o arsenal evoluído e bem escolhido, uma tarefa que faremos na companhia do Duque. Esse talvez seja o ponto alto dessa parte justamente por ser uma referência clara ao mercador de Resident Evil 4 — resta saber se será tão icônico e lembrado quando ele.
As atuações em português brasileiro durante todo o progresso foram bastante convincentes — uma adição bastante convidativa a quem gostaria de conhecer a série, mas não tem domínio de línguas estrangeiras. O desempenho do jogo varia de plataforma para plataforma, mas aparentemente a Capcom acertou mais uma vez em otimização, entregando ambiciosos 60 quadros por segundo a 4K de resolução nos consoles da nova geração.
Eu demorei para ficar animado com Resident Evil Village (confesso que sou um pouco purista demais), mas após os tensos minutos contados que passei nas últimas semanas com a versão de testes do jogo, estou mais do que convencido de que preciso vivenciar mais uma entrada da série em seu lançamento. Aos que ainda insistem sobre “a série ter perdido sua essência” com tantas mudanças de perspectiva, temática e personagens, recomendo relembrar do infame Resident Evil 6 e suas quatro patéticas campanhas abarretadas de zumbis e rostos conhecidos da série.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm