Queria conseguir gostar mais de Biomutant. Desde que o jogo foi revelado, ele parecia ter conteúdos que o permitiriam se destacar de outras dezenas de “experiências de mundo aberto com muito conteúdo espalhado para todo o canto” que se tornaram bastante comuns: havia kungfu, combate com armas, um protagonista mutante que se transformaria conforme suas decisões e outras promessas interessantes.
No entanto, por mais que eu insista em jogá-lo, parece que isso não foi o suficiente para que o título saísse dos moldes de outros tantos games que já vimos seguir a mesma fórmula — muitas vezes com mais orçamento e competência. O kungfu e o personagem mutante estão aqui, mas esses elementos estão encaixados em uma estrutura que não traz muitas novidades, tampouco recompensas que parecem valiosas. Em pouco mais de seis horas de jogo, eu tive que impedir que vilas fossem invadidas, derrotei inimigos e dominei o território ocupado por eles, explorei ruínas de civilizações antigas, descobri o passado secreto do protagonista e vi o impacto de criaturas gigantescas que podem destruir o mundo se não forem paradas. Mas nada disso foi apresentado de maneira empolgante ou pareceu ter realmente um diferencial.
Sabe quando você está jogando e não consegue mais distinguir uma missão da outra, tampouco lembrar a tarefa que recebeu há meia-hora? É essa a sensação que tenho ao jogar Biomutant. Em vez de sentir que estou empreendendo uma jornada épica para salvar o mundo, parece mais que estou preenchendo itens em uma lista de compras que só cresce a cada canto do mundo que exploro — e ir ao mercado está longe da minha lista de coisas favoritas a fazer.
Além da estrutura baseada em cumprir tarefas que nem sempre têm tanta importância assim, o jogo também peca por não entregar bem seu diferencial. O combate tem algumas coisas interessantes, como os movesets diferentes para cada arma coletada (ou criada), mas peca por trazer uma versão “primo pobre” do sistema consagrado (e muito imitado) da série Batman Arkham.
As bases estão ali, mas parece que faltou um pouco de cuidado para implementar: o “alerta” de que é preciso contra-atacar, por exemplo, existe, mas geralmente fica apagado em meio a diversos elementos visuais que brigam entre si. Da mesma forma, faltam elementos que ajudem a se sentir no controle da batalha — em qualquer confronto contra mais de um inimigo, é comum receber dano sem saber sua origem ou ter dificuldades em mudar a câmera de um oponente para outro.
Também não ajuda o fato de que a história é bastante desinteressante e confusa. Durante a primeira hora de jogo — que se arrasta em ritmo lento e cheio de interrupções —, descobrimos que temos diversas missões principais. Além de derrotar as criaturas que ameaçam o mundo, você também precisa vingar a morte de sua mãe e destruir uma criatura que espalha o caos pelo mundo — que pode ou não estar relacionado às outras ameaças.
Para completar, você logo descobre que precisa unir todas as tribos para destruir (ou deixar morrer) a Árvore da Vida. Tudo isso é apresentado de forma confusa, com direito a alguns flashbacks com péssimo ritmo, e geram somente o resultado da apatia: sem saber a ordem de importância das coisas (e sem um senso de urgência associado a nenhuma delas), essas tarefas principais simplesmente se confundem com todo o resto das pequenas missões que surgem em cada nova cidade explorada.
Biomutant traz muitas lembranças de Kingdoms of Amalur: Reckoning. É um jogo sem dúvida ambicioso, cujo tempo de produção — e, no caso de Biomutant, a falta de experiência de seus desenvolvedores — impede que ele alcance aquilo a que se propõe. Aqui há sem dúvidas relances de um bom jogo, mas está tudo tão escondido dentro de uma estrutura sem graça que é difícil me motivar a continuar escavando em busca de algo melhor.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm