Análise: F1 23 - Neo Fusion
Análise
F1 23
14 de julho de 2023

Jogos de corrida formam um gênero bastante peculiar: fundamentalmente, os jogos são muito parecidos. Todo jogo tem os controles básicos de acelerador, freio e direção. Na grande maioria dos casos, o objetivo é finalizar uma corrida antes de outros pilotos, ou realizar um trajeto no menor tempo possível. Mas dentro disso há uma variedade de possibilidades de jogo, que vão desde as maluquices de Mario Kart, até a simulação de Assetto Corsa.

A série F1, como é de se imaginar, cai nessa segunda metade do espectro. E, de diversas maneiras, se assemelha mais a um jogo de esportes como FIFA e Madden, do que de um jogo de corrida como Gran Turismo. De fato, dois ou três anos atrás eu experimentei jogar o F1 2020 que estava no Game Pass. Eu estava a fim de dar umas voltas na icônica pista de Mônaco, e F1 era o único jogo com ela disponível.

Tomei uma surra do jogo, que era muito mais mecanicamente complexo do que eu estava esperando. Um pouco frustrado, cheguei à conclusão de que a série F1 simplesmente não era para mim, e talvez fosse simplesmente inviável jogá-la sem um bom volantinho.

Uma nova geração

Não sei se os dois eventos são correlacionados. Primeiro, desde aquela vez que experimentei F1, a desenvolvedora Codemasters foi comprada pela EA e, hoje, a série F1 faz parte do rótulo EA Sports. O segundo é que minha experiência com F1 23 foi completamente diferente da anterior.

Minha impressão é que a EA fez uma força para tornar a série mais acessível a iniciantes (e, sejamos sinceros, mesmo um jogador razoavelmente experiente de Forza e Gran Turismo pode ser um iniciante no mundo de F1). Talvez tenha sido iniciativa da própria Codemasters, não sei. Mas, de uma forma ou de outra, sinto que deu certo.

Eu, que tinha acabado de jogar Need for Speed, senti F1 23 bastante responsivo e agradável de jogar. Sim, haviam algumas assistências ativas, mas eram razoavelmente sutis e não pareciam estar forçadamente removendo o controle das minhas mãos… Certamente me ajudaram a frear um pouco mais cedo e portanto acertar as curvas melhor. Mas pouco tempo depois fui reduzindo os efeitos das assistências e continuei me dando bem com o jogo. Obviamente, me tornei mais responsável pelas curvas a 300 km/h.

Um jogo de Fórmula 1 é fundamentalmente diferente de outros de corrida porque tudo é tão rápido. Os carros aceleram rápido, freiam rápido e viram rápido. Significa que é fundamental ter os instintos e reflexos afiados, e é igualmente importante ter um mapa mental da pista onde corremos. A alta velocidade é compensada por um número maior de voltas do que estamos acostumados — por exemplo, onde eu esperaria 5 voltas, aqui são 14 ou 15. É um jogo fundamentalmente de repetição. Por um lado, nós sentimos a melhoria à medida que lembramos melhor quais curvas são particularmente perigosas, mas por outro após 10 a 15 minutos na mesma corrida, eu começo a sentir uma fatiga que vai atrapalhando.

É uma forma interessante de replicar, de forma extremamente leve, como deve ser a experiência de um piloto no mundo real. Obviamente jogar F1 23 não é remotamente tão estressante quanto realmente pilotar um carro de Fórmula 1 mas, à medida do possível, a sensação se traduz em alguma capacidade. Outros fatores que geralmente passam despercebidos em videogames também contam aqui, como o desgaste dos pneus e o peso do combustível no tanque.

Novas possibilidades de campanha

O que me chamou a atenção no menu principal de F1 23 é que o jogo parece ter três tipos de campanha. Uma é mais tradicional, digamos, parecida com o que já havia em títulos passados. Outra, F1 World, nos permite criar uma equipe de Fórmula 1 (sozinho ou com amigos) e ir melhorando ela. Não pude experimentar essa pois exige mais funcionalidades online e eu estava sem internet esses dias.

A mais interessante, para mim, é a campanha chamada Breaking Point 2. É 2 porque, acabei descobrindo, trata-se da continuação da campanha de F1 2021. Esta traz cutscenes completamente animadas e dubladas e segue a história da Konnersport, uma equipe incipiente de Fórmula 1, e nos coloca no volante de alguns jovens pilotos: Aiden Jackson, Devon Butler e Callie Meyer.

O que inicialmente parecia uma grande baboseira foi se tornando interessante para mim. Tenho vontade de continuar jogando e ver o final da história mas, na realidade, o que provavelmente vou fazer é primeiro instalar F1 2021 (que deve estar disponível no EA Play) e ver o início dessa saga. Breaking Point 2 começa com uma grande retrospectiva e os primeiros capítulos mostram o final da temporada 2022. Me deu curiosidade para ver aquela parte da história de primeira mão.

Além da narrativa competente, há um grande elemento lúdico nessa campanha. O jogo nos coloca em situações relativamente inusitadas e aproveita disso para nos fazer engajar com as mecânicas particulares de Fórmula 1. Por exemplo, no meio de uma corrida, após atingirmos uma boa colocação, somos forçados a fazer um pit stop e devemos então retomar o tempo perdido. Em outra, devemos decidir entre correr mais agressivamente e precisar trocar de pneus, ou pegamos leve nos freios para reduzir a necessidade de trocá-los. Ao mesmo tempo, pode ser um pouco frustrante quando estamos correndo super bem e acabamos perdendo esse progresso por motivos narrativos.

F1 23 veio como uma agradável surpresa em um momento que eu estava particularmente empolgado com jogos de corrida. De várias formas, minha experiência com o jogo é similar à do Dácio dois anos atrás, que é de se esperar considerando o estilo de jogo. Mas não deixa de ser impressionante como a campanha se sustenta ao ponto de me fazer querer jogar a edição anterior para acompanhar a história completa.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm