Análise: Digimon World Next Order - Neo Fusion
Análise
Digimon World Next Order
24 de março de 2023

Digimon foi um sucesso aqui no Brasil durante o começo dos anos 2000, principalmente por pegar uma estruturação mais “madura” em relação a Pokémon, o que fez jovens levemente com mais idade se interessarem mais pela franquia.

A questão é que a longevidade da franquia na cultura popular não se manteve, e embora ainda existam milhares de produtos licenciados e diferentes animes no Japão, a série se tornou internacionalmente algo mais ligado a nostalgia daquele primeiro anime – e, em alguns casos, também a um dos jogos mais conhecidos de PS1, Digimon World.

Cerca de 16 anos depois, Digimon World Next Order, que pode ser vista como uma versão atualizada e mais adequada aos tempos atuais, foi lançado para o PS Vita e para o PS4, e agora em 2023 chega ao Nintendo Switch e PC – e eu fiquei responsável por testar a versão para o híbrido da Big N graças a uma chave que recebemos da Bandai Namco. Confira nossas impressões iniciais a seguir:

Criando um filho Digimon

Imagem: Divulgação/Bandai Namco

Nos últimos anos se popularizou mais jogos da franquia Digimon com uma pegada um tanto parecida com Shin Megami Tensei, como é o caso de Cyber Sleuth. Quem espera algo do tipo terá um enorme choque ao iniciar World Next Order, já que o jogo não tem absolutamente relação alguma com esse sistema de combate.

Saiem as batalhas aleatórias e grinds excessivos nelas, entra a vida e a criação de criaturas digitais durante toda a vida delas. Alimentar, treiná-las, levá-las para fazer as necessidades, cuidar de suas feridas e doenças em cada estágio da vida é super necessário, tornando o jogo um certo simulador de bichinho virtual – embora menos críptico do que o de PS1, já que as melhorias e requerimentos para evoluções são mostrados de maneira nítida, em vez de serem um grande motor sendo executado no plano de fundo do jogo.

Tudo isso coopera para uma interessante sensação de conexão com o jogo, e principalmente de carinho com as criaturas digitais. Como cada evolução deles, na verdade, funciona quase que como uma pseudo fase da vida (infância, adolescência, vida adulta e amor por armas e armaduras), o acompanhamento como o cuidador ganha traços emocionais – e talvez isso seja o que tenha mais me atraido no jogo.

Imagem: Divulgação/Bandai Namco

Só que ao mesmo tempo, sem vergonha alguma, admito que talvez tenha lacrimejando algumas vezes durante Next Order, não por conta de frustração, mas sim pelo fato que as criaturinhas digitais tem tempo de vida definido – e ver elas falecendo e reencarnando é uma sensação extremamente estranha e melancólica. Nunca tive a experiência com tamagotchis na infância, mas imagino que seja semelhante, um interessante microcosmo da nossa relação com luto mesmo em situações envolvendo seres não humanos.

Batalha, RPG, historinha piegas

Imagem: Divulgação/Bandai Namco

Mas não é somente de paternidade de pet que o jogo vive, afinal digimons também batalham – e aqui é um dos pontos que eu mais demorei para entender no jogo. Os combates são automáticos, com o jogador podendo escolher pequenos momentos para golpes ocorrem enquanto as criaturas se movimentam em arenas circulares. Além disso, quando evoluídas o suficiente, através de um comando eles podem fazer a Digievolução de DNA, se fundindo e tornando-se uma única criatura, mais poderosa.

O quanto eu apanhei nas primeiras 10 horas de jogo até entender de fato como essa mêcanica funciona não está no gibi, sinceramente. Foi então que, após mais uma derrota, percebi que o treino, da parte de cuidar do digimon, tem impacto importantíssimo na progressão natural do jogo e comecei a procurar formas de melhorar o desempenho de minhas criaturas.

Foi ai também que descobri a barra de exaustão dos bichinhos, que podem levá-los ao falecimento precoce se sempre ficarem no limite. As preocupações foram aumentando e quando percebi, estava utilizando anotações em meu celular para melhor acompanhar o progresso e o treino dos bichos de maneira saudável.

Tudo isso fez com que a história, que nunca me pegou de jeito, fosse ficando de lado para eu tratar o título realmente como um simulador de interações com meus bichinhos virtuais. A primeira vez que obtive um War Greymon, por exemplo, foi quase como se um filho meu tivesse passado em um exame de faixa no karatê.

É bizarro o que esse jogo fez comigo – no fim, eu experimentei a paternidade através de um jogo de anime. Será que desejarei ser pai mais rápido, agora? Espero que não, mas confesso que o sentimento aumentou após esse jogo. 

Complicado. 

Digimon World Next Order cria uma relação bem interessante entre o jogador e as criaturas, criando quase que um laço emocional fantástico

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm