Análise: Persona 5 Strikers - Neo Fusion
Análise
Persona 5 Strikers
29 de março de 2021
Cópia digital da versão de Switch do jogo cedida pela SEGA/Atlus.

Para cada momento da experiência em que eu acreditava ter chegado a meu limite, havia logo em seguida outro em que a dor de cabeça anterior era compensada em Persona 5 Strikers. Esse ritmo de altos e baixos seguiu até o final do título, que inicia uma nova história um ano após os acontecimentos do Persona 5 original.

Reunidos durante as férias escolares, os Phantom Thieves se deparam com uma nova ameaça relacionada ao Metaverso. Pessoas estão tendo seus desejos roubados e cabe ao grupo não somente devolver os desejos a seus donos, mas também descobrir o que está causando essa nova distorção na percepção humana — tudo isso enquanto viaja pelo Japão dentro de uma grande van.

Parecido, mas diferente

Embora Persona 5 Strikers seja desenvolvido pela Omega Force, conhecida por fazer jogos com a temática musou (aqueles em que você encara exércitos numerosos em campos de batalha abertos), a influência do P-Studio — que também participou do projeto — surge de forma bastante forte. Não fosse pela presença de um sistema de batalhas em tempo real, seria fácil confundir o game com uma extensão do RPG exclusivo de PlayStation 4.

Persona 5 Strikers

No entanto, se elementos como a narrativa (incluindo longas conversas circulares) e o desenvolvimento de personagens permanecem o mesmo, há algumas concessões para o novo formato. Não há mais a opção de criar e desenvolver Social Links, tampouco o gerenciamento das atividades que você vai fazer durante o dia, que dava ao Persona 5 original um senso de urgência permanente.

Enquanto isso traz como benefício uma experiência de jogo muito mais direta — terminei tudo em pouco menos de 40 horas —, o desenvolvimento de personagens sofre um pouco por conta disso. Fato é que Strikers, embora conte uma história original, depende muito que você já tenha um conhecimento prévio de seus protagonistas para entender as dinâmicas entre eles e entender alguns conceitos básicos do que está acontecendo.

Essa condição pode não ser um problema para quem jogou Persona 5— ou Persona 5 Royal —, mas quem não possui o PlayStation 4 e decidiu jogar Strikers no Switch ou no PC pode ficar um pouco perdido, já que o game não traz muita contextualização de seus eventos passados. Felizmente, isso é um pouco compensado pelo fato de que tanto os vilões quanto os aliados que aparecem são totalmente novos e criados especialmente para o título.

Musou tático

Quando digo que Persona 5 Strikers não parece um jogo desenvolvido pela Omega Force, é no sentido de que a maior parte do game é dedicada a diálogos e a interações a personagens. E os dungeons, quando surgem, possuem uma estrutura mais fechada e com batalhas mais rápidas do que se espera em um musou tradicional.

Persona 5 Strikers respeita o fato de que os Phantom Thieves são ladrões, incentivando que o jogador faça emboscadas para surpreender inimigos e ganhar vantagens inicias. Os confrontos acontecem em tempo real em áreas de ação limitadas e geralmente duram poucos minutos — a não ser quando você se depara com algum subchefe ou com um dos adversários que comandam as áreas principais.

Persona 5 Strikers

Nesse sentido, surge um dos momentos de frustração citados logo na introdução da análise. Enquanto as batalhas normais são breves, porém desafiadoras — explorar os pontos-fracos dos inimigos é essencial para se dar bem —, os confrontos contra inimigos maiores parecem excessivamente inflados e frustrantes.

É comum passar a maior parte de um dungeon progredindo bem, sem usar pontos de cura ou para recuperar sua estamina (que determina o quanto de magia você pode usar) e então se deparar com um adversário extremamente resistente (e forte) que vai drenar boa parte dos recursos que você acumulou até então.

Com isso, parece que a dificuldade de Strikers é propositalmente desbalanceada e os desenvolvedores sabem disso, criando barreiras artificiais para o jogador não avançar muito rápido. Isso é especialmente evidente nas batalhas contra chefes: a não ser que você tenha feito um bom grind e tenha um nível muito acima do adversário, se prepare para enfrentar batalhas longas e potencialmente frustrantes.

Outro ponto de frustração está relacionado a questões técnicas: não raras vezes, Persona 5 Strikers simplesmente fechava sem grandes explicações durante telas de loading. O problema se torna grande quando levamos em consideração que o game tem longos trechos de gameplay e conversa em que não há como salvar o progresso — com isso, mais de uma vez me deparei com momentos em que perdi mais de uma hora de avanço na narrativa e tive que jogar tudo de novo.

Bom, mas podia ser melhor

Embora boa parte do texto tenha sido dedicada a apontar problemas em Persona 5 Strikers, minha experiência geral com o game foi positiva. Gostei das adaptações do sistema de batalha e dos novos personagens e, mesmo que a trama geral se aproxime bizarramente dos eventos extras de Persona 5 Royal, gostei da maneira como ela foi desenvolvida e encaixada à aventura original.

Persona 5 Strikers

Com batalhas ágeis e um sistema de combate que oferece personagens com características bastante únicas entre si, Strikers não deve decepcionar quem gostou do RPG original e quer mais de seu universo e personagens. No entanto, não consigo recomendar o game para quem não teve essa experiência anterior, visto que ele não se esforça muito para acomodar quem está chegando pela primeira vez a este universo.

Mais Persona do que um musou tradicional, Strikers mostra a evolução da Omega Force como desenvolvedora e a força que Joker e sua turma ainda possuem, mesmo após tantos spin-offs. Resta esperar para ver se a Atlus ainda acha que eles têm folego suficiente para mais aventuras ou se já é hora de vermos um novo conjunto de protagonistas em um inevitável Persona 6.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm