Análise: Vengeful Guardian: Moonrider - Neo Fusion
Análise
Vengeful Guardian: Moonrider
16 de janeiro de 2023
Chave de Moonrider para Nintendo Switch gentilmente cedida pela Masamune

Em uma tarde qualquer de 1999, meu pai chega do trabalho com um jogo para o Sega Saturn de meu irmão. Na capa, um robô vermelho segurando um sabre de luz, vários caracteres japoneses e um logo com os dizeres “Rockman X4”. A empolgação contagiante de meu irmão em pegar aquela caixa de acrílico e colocar o disco no console, e as frenéticas imagens que apareciam na tela se tornaram uma das memórias mais detalhadas da minha primeira infância, definindo todo o meu gosto por videogames por minha vida inteira.

Em 2023, numa tarde qualquer, ligo em meu Nintendo Switch Vengeful Guardian: Moonrider, e em pouco mais de três minutos na primeira fase do jogo a mesma sensação que me prendeu como uma criança que mal sabia entender direito a realidade voltou – de repente, me vejo sorrindo, feliz, e totalmente imerso em um videogame como não ficava há anos. 

Moonrider: Frenético, intenso e desafiador

Vengeful Guardian Moonrider

Moonrider é o mais recente jogo da JoyMasher, desenvolvedora independente brasileira que vem construindo seu portfólio a partir de títulos que servem como homenagens a grandes clássicos dos videogames – como Blazing Chrome para Contra, por exemplo. Na nova empreitada, o foco parece ter sido Shinobi, Hagane e jogos em geral do PC-Engine e do Sega Saturn. Confesso que não tenho experiência com os títulos mais citados pelos desenvolvedores como inspiração, mas sinto que Rockman X4, em especial na campanha de Zero, por fazer parte dessa época específica de videogames, também está contemplado nessa homenagem.

E putz, como é gostoso controlar o protagonista de Moonrider. Sua lâmina corta os inimigos de maneira intuitiva e satisfatória, seu arsenal de golpes, que também envolve um corte mais forte após pegar impulso com dash, um dive kick e as várias técnicas obtidas vencendo os vilões, parecem juntar-se em uma sinfonia do que há de melhor em combates de plataforma 2D.

Moonrider (o personagem) também é extremamente rápido e atlético, podendo subir paredes a partir de um wall jump incrível e um dash com efeitos de sombras extremamente satisfatório – e todas essas habilidades são colocadas a prova em um level design que utiliza tropos conhecidos do gênero, sejam plataformas temporárias, espinhos ou mesmo posicionamento de inimigos em pontos em que o pulo pode se tornar perigoso, para um teste de reflexo e memorização das fases.

O desejo de só terminar o jogo, porém, não é o único que me tomou durante a jogabilidade – quando notei, após finalizar a primeira fase, que existe um sistema de ranqueamento pela performance no nível, que vai de S (o melhor) para E (o pior), me vi começando a querer realmente aprender o título e seus por menores.

Vengeful Guardian Moonrider

Só que em certos momentos, de fato, a experiência pode ser um pouco frustrante – muito pelo alto dano infligido pelos golpes dos inimigos. Para mitigar isso, após o primeiro game over, o jogo te presenteia com um chip de melhoria que diminui o dano sofrido, mas que limita o ranqueamento das fases para, no máximo, B. Na minha primeira experiência com o título, optei por habilitá-lo, e isso ajudou demais em tudo – tanto em diminuir frustrações como também me dar a oportunidade de entender o funcionamento real das fases.

Como conclusão óbvia, fiz uma segunda jogatina sem a melhoria, e embora tenha morrido bem mais, a frustração inicial não existiu em mim. A razão para isso é simples: considerei minhas mortes erros meus e não algo injusto, já que eu havia tido a oportunidade de entender tudo em uma espécie de modo mais fácil causado pela melhoria – tal qual um jogador de futebol, tive primeiro que aprender a chutar a bola antes de tentar fazer um gol e, após o goleiro defender, falar que é injusto existir alguém protegendo o objetivo.

Mas o chip de diminuir o dano não é o único disponível no jogo: cada uma das fases conta com essas melhorias escondidas, com o ranqueamento após a morte do chefão também variando conforme eles são encontrados. 

Nas minhas duas jogatinas, achei itens bem interessantes, como um que ressuscita Moonrider uma vez por fase, outro que aumenta o alcance da espada e também um que permite detectar os segredos com maior facilidade – todos, em geral, lugares comum para os jogos de plataforma de ação, mas que me satisfizeram extremamente e cooperaram na grande jogabilidade do título.

Uma experiência incrível e que todos devem dar uma chance

Vengeful Guardian moonrider

Falando com um amigo após ter terminado pela primeira vez Moonrider, descrevi o título como “o melhor jogo de Kamen Rider já feito”, já que além das inspirações em videogames, é óbvio também o quanto os desenvolvedores gostam de Kamen Rider Black, principalmente na luta final do título. Eu, como fã da franquia de seriado de heróis fantasiados japoneses, fiquei embasbacado ao perceber essas coisas, e saio da experiência como um todo pensando que ela parece ter sido feita sobre medida para alguém como eu.

Mas e para quem não for como eu? Bom, ainda estamos falando de um jogo excelente e que eu arrisco dizer que é um dos melhores títulos de plataforma que chegou no mercado pelo menos nos últimos cinco anos. A jogabilidade é perfeita, os desafios são dificeis mas podem ser superados e, acima de tudo, ele é extremamente divertido.

Não é uma questão somente de gostar das inspirações ou da nostalgia que o título desperta – e sim é ter a oportunidade de experimentar um jogo incrível e agradável. Mesmo que talvez esse tipo de jogo não esteja 100% no seu radar de gostos, eu peço para que você permita-se dar uma chance para ele – a experiência é fantástica e não te trará arrependimentos. 

Vengeful Guardian: Moonrider é um exemplo perfeito de jogo que remete a tempos passados mas é algo suficientemente único para se destacar no grande mundo dos videogames. É excelente.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm