Relato: O Teor Complecionista de Yakuza Kiwami 2 - Neo Fusion
Relato
O Teor Complecionista de
Yakuza Kiwami 2
10 de janeiro de 2023
Atenção: esse texto contém spoilers sobre temáticas e narrativas presentes no jogo.

Minha relação com conquistas e troféus é bastante ambígua. Já fui contra e já fui a favor. Já deixei de me importar, abandonando uma conta americana da PSN com 44 troféus de platina, e tornei a gostar após limitar essa atividade apenas a jogos que eu realmente apreciava. Eis que, durante minha jornada pela história dos jogos da franquia Yakuza/Judgment, eu já havia me conformado que seria desnecessário (e talvez irresponsável por questão de tempo limitado) me preocupar com esse tipo de coisa.

Além da quantidade exagerada de substories em cada um dos jogos e do infame desafio de zerá-los na dificuldade mais alta após já ter concluído a campanha pelo menos uma vez, havia um problema cultural associado a completar todos os pré-requisitos para o troféu de platina: eu não tenho experiência com Mahjong, Shogi, hanafuda e também não tenho habilidade em tantos tipos distintos de minigames…ou não tinha até começar a me envolver tão carinhosamente com Yakuza Kiwami 2.

Ao contrário dos outros textos, no qual abordei aspectos narrativos, mecânicos e até culturais presentes nos jogos, irei abordar alguns assuntos pertinentes aos jogos de forma tangencial. Meu intuito aqui é explicar por que o remake do segundo jogo da saga de Kazuma Kiryu me fez aderir ao complecionismo e quais foram as atividades e requisitos mais desafiadores nessa aventura para guiar guerreiros e guerreiras dispostos a encarar esse desafio.

Guerra iminente

As motivações e reviravoltas presentes em Kiwami 2 são muito profundas e emocionantes, rendendo alguns dos momentos mais marcantes da série até agora para mim. O Clã Tojo e a Aliança Omi nunca estiveram tão próximos de competirem por suas respectivas sobrevivências. Tréguas vão sendo quebradas, hierarquias desrespeitadas e organizações subsidiárias violadas a cada nova disputa por poder. Momentos tocantes se intercalam com eventos que ultrapassam o senso do ridículo, como as lutas contra tigres — também presentes em Yakuza: Like a Dragon — na fortaleza da família Sengoku. No fim, os troféus referentes à trama central são fáceis de se obter e estão organizados de acordo com o término de cada capítulo.

O brilho do caricato Goro Majima, vulgo Mad Dog of Shimano, vai além de sua costumeira participação coadjuvante: é possível jogar três capítulos que se passam entre os eventos dos dois primeiros jogos da série, alternando-os com capítulos da campanha ou optando por desbravá-lo após o grand finale. Há apenas um troféu associado a esse modo de jogo e este se refere à conclusão da aventura paralela.

Considerado um dos requisitos mais difíceis nos jogos da série, o troféu de concluir a campanha na dificuldade mais alta se tornou trivial até demais em Kiwami 2. Isso porque, ao contrário dos outros jogos, é possível optar por um New Game+ no modo lendário que nos permite carregar atributos, equipamentos e habilidades conquistados em uma campanha de dificuldade menos acentuada.

Outras lutas, outras disputas

Orgulhosamente replicado aos moldes de Yakuza 0, o minigame denominado Cabaret Club coloca Kiryu no mesmo papel de Majima quase duas décadas antes: gerente de um negócio de entretenimento adulto. Para mim, essa é a atividade mais prazerosa entre todas apresentadas nos jogos da saga — mesmo ainda preferindo sua versão original de 2015. Há referências divertidas e nostálgicas para quem, assim como eu, já havia passado dezenas de horas na companhia de Yuki-chan e Gouda-san. Os troféus para esse segmento de jogo, além da progressão de missões, se relacionam com encontros entre Kiryu e modelos.

Já o Clan Creator, minigame narrativo no estilo tower defense estrelado pelo inédito Majima empreiteiro, é um pouco mais desafiador e entediante, diga-se de passagem. Tanto o loop de gameplay quanto os eventos que motivam sua progressão de história parecem estar ali só para que o jogo apresentasse algo novo comparado ao Yakuza 2 original e aos títulos anteriores a 2017. Seus troféus variam desde obter 200 mil em grana durante uma única partida e recrutar 50 funcionários para a startup do ramo imobiliário.

Apesar de simplista por apresentar apenas um único estilo de luta, o combate do jogo é prazeroso e fluido em quase todos os encontros. Há uma imensa lista de objetivos no âmbito da “porradaria” disponíveis na Completion List (ou listona, como costumo chamar), além de um troféu atípico para quebrar vidraças com arremessos de malfeitores. Os destaques nesse quesito ficam tanto para os chefes de rua (dezoito no total, divididos entre Kamurocho e Sotenbori) quanto para as violentas lutas conduzidas no Coliseu.

Um dos troféus que mais sugou tempo e habilidade de mim foi o de guarda-costas (Bouncer missions). Na ocasião, eu estava jogando com a dificuldade ajustada em Medium e me neguei a reduzi-la até completar os 78 desafios em 26 cenários diferentes. Acredito que, durante as 8 horas que gastei apenas nesse modo de jogo, eu tenha pensado em desistir pelo menos umas três vezes durante os confrontos com os irmãos Amon. Se você tem interesse em fazer 100% no jogo, recomendo encarar esse minigame após concluir todos os outros objetivos possíveis.

Passatempo e passa-raiva

A estrutura de “bairro aberto”, presente também em outros jogos do estúdio, traz consigo uma densidade de atividades por quarteirão que chega a ser assustadora para os novatos e novatas. São mais de 70 substories, minigames inusitados, desafios relacionados a esportes, restaurantes e bares para serem visitados, coletáveis e situações que devem ser contornadas. Tudo vem com uma recompensa: os pontos adquiridos por cada pequena conquista podem ser usados para compra de habilidades ou melhoria dos atributos (stats).

A “listona”, porém, não é composta somente de passatempos: passei momentos desgastantes para poder aprender os básicos de Shogi, Koi-koi e Oicho-kabu, cada um deles exigindo uma jogada específica a ser concluída com sucesso. No caso do excêntrico jogo Mahjong, a história foi ainda mais sofrida: deixei os torneios e as 30 batidas do tipo Ron e Tsumo por último durante minha primeira jogatina. Se eu puder deixar outra dica valiosa, aqui fica o registro: não gaste o item Peerless Tile em partidas comuns; opte por reservá-lo para os torneios difíceis. Será de grande valia ter essas peças em situações mais desesperadoras.


Como você deve ter percebido ao longo do texto, as aproximadas 80 horas de jogo necessárias para fazer 100% em Yakuza Kiwami 2 valeram a pena: eu gostei muito de ter passado novamente tanto tempo acompanhando mais uma capítulo da vida de Kazuma Kiryu. O protagonista porradeiro, que se torna mais lendário a cada novo jogo estrelado, pareceu mais maduro, compreensível e corajoso com seus sentimentos do que em Yakuza Kiwami. E que venha a trilogia remasterizada de jogos do PlayStation 3 para eu me esbanjar e relatar muito em breve!

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm