Relato: Resident Evil 2 Mudou Tudo Para Mim - Neo Fusion
Relato
Resident Evil 2
Mudou Tudo Para Mim
22 de março de 2023

Muito recentemente, no Twitter, surgiu uma corrente em que as pessoas citavam franquias de jogos que são fundamentais para que os outros as “conhecessem”. Numa dessas, eu sempre acabo tendo facilidade para nomear algumas das mais importantes para mim e que me moldaram desde a infância: The Legend of Zelda, Final Fantasy, Metal Gear Solid e, mais recentemente, Dark Souls – embora com isso eu queira dizer “tudo que a From e o Miyazaki fizeram desde 2009” 🙂.

No entanto – e essa realização só me foi ocorrer muito recentemente – sempre senti que havia uma “vaga” que ainda precisava ser preenchida quando as pessoas me perguntavam quais os meus jogos/franquias favoritos. Alguns nomes me vêm à mente, desde Shin Megami Tensei, que ainda não me sinto confortável de citar com propriedade já que tenho mais experiência com Persona do que com SMT no geral; Yakuza, que, apesar de eu adorar, não acho que seja necessariamente uma franquia definidora para mim; e… Resident Evil.

Se for para ser realmente sincero comigo mesmo, eu acho que Resident Evil deveria estar no mesmo rol de importância para mim que as franquias supracitadas, em particular por conta de Resident Evil 2, um jogo que marcou tanto o Carlos dos anos 90/2000 quanto Super Mario World, Ocarina of Time, Majora’s Mask, Final Fantasy VII e os três primeiros Metal Gear Solid.

Departamento de Polícia de Raccoon City

Eu ainda me lembro muito bem da primeira vez que botei meus olhos em Resident Evil 2. Foi no meio de uma tarde, quando eu passeava pela cidade com minha mãe e passamos por uma lojinha de jogos onde as pessoas podiam testá-los ou simplesmente ficar jogando por ali mesmo ao comprar fichas por hora. Um menino um tanto mais velho que eu estava com um PlayStation ligado e na TV apareciam os icônicos corredores da delegacia de Raccoon City. Eu, intrigado, perguntei que jogo era aquele, ao que ele respondeu num inglês que me soou como “president ivou dois”. Fiquei fascinado, apesar da pouca informação.

Meu segundo encontro com RE2 aconteceu um tempo depois. Quando eu era criança, minha família fez amizade com um delegado da cidade em que eu cresci. Esse delegado tinha dois filhos, um mais velho do que eu em alguns anos, e outro um ano mais novo que eu. Eles gostavam bastante de videogames também e tinham um Nintendo 64. Certo dia, o garoto mais velho ganhou o cartucho do Resident Evil 2 para o meia quatro (que hoje me espanta pela conquista técnica que é para aquele hardware) e daí surgiu minha oportunidade de realmente conhecer o jogo. E eu morri de medo. Para uma criança da minha idade, as imagens dos zumbis, a atmosfera pesada e toda a exigência de um survivor horror foram suficientes para me assombrar por dias (e meses). Ao mesmo tempo, também foi o suficiente para me fazer querer mais e voltar pro jogo toda vez que ia visitar esses amigos ou dormir na casa deles.

RE2R
Essa primeira experiência com um jogo de terror e em especial com Resident Evil também foi marcada por um aspecto que eu adoro: compartilhar a experiência com amigos. Como eu ainda não conseguia jogar tão bem, meu amigo mais velho assumiu o controle pela maior parte da nossa primeira run com RE2. Eu e o meu amigo mais novo éramos uma espécie de apoio, opinando na hora de resolver os puzzles ou explorar os cenários do jogo – além da boa e velha busca pelas dicas nas revistas que cobriam o jogo, em particular a Nintendo World. Tenho lembranças ótimas dessa época por causa dos sustos, dos desafios do jogo e também pela trilha sonora marcante que RE2 trazia, mas principalmente por essa experiência compartilhada. Até hoje eu gosto muito de jogar os games da franquia passando o controle com os amigos (e também adoro ver filmes de terror com mais pessoas e comentar a respeito do que a gente está assistindo dessa mesma maneira).

Um pouco depois dessa época, eu resolvi ir atrás de uma cópia de RE2 minha mesmo. Eu tive a sorte de crescer tanto com PS1 quanto com N64, mas na ocasião tentei encontrar a versão de PlayStation mesmo e jogá-la pela primeira vez sozinho. Isso só fez com que meu apreço pelo jogo crescesse. Me fez saber quem era Shinji Mikami e Hideki Kamiya, ir atrás dos outros dois jogos da trilogia de PS1 (adoro o primeiro e acho o terceiro okay) bem como também correr atrás de Code Veronica quando ganhei meu Dreamcast. Minha jornada com a franquia prosseguiu, tendo oportunidade de jogar o REmake, RE0 e ficar intrigado com a forma que tudo mudou com a chegada do lendário Resident Evil 4.

Mas mesmo todos esses anos depois e inúmeros contatos com as dezenas de jogos da franquia, eu sempre volto a pensar em Resident Evil 2. Quando o remake dele foi anunciado na E3 de 2018, eu literalmente gritei quando vi aquele PS1 renderizado numa parte do trailer, depois cortando para uma versão em alta definição do Leon Kennedy. Eu fiquei tão animado com esse anúncio que comprei RE2R no lançamento, além de ele ter se tornado o primeiro RE que eu joguei tanto ao ponto de platinar duas vezes.

Ada Wong
Mesmo que hoje eu ache alguns jogos da franquia melhores em aspectos específicos (acho Village mais divertido no momento a momento, REmake mais assustador, etc) a dupla RE2/RE2R ainda é a minha favorita. Resident Evil 2 é algo que eu considero uma sequência perfeita. Ele pega a fórmula brilhante do primeiro Resident Evil e a aprimora, aumentando a ambição, a escala – maior diversidade de áreas, dois cenários distintos para cada personagem jogável, outros modos bônus de jogo, etc – e simplesmente sendo inteligente ao implementar mudanças e ideias.

Eu acho fascinante como RE2 mudou ao longo de seu desenvolvimento. Todo mundo já ouviu falar do RE 1.5 e de como ele funcionaria. Provavelmente seria um jogo interessante e bom, mas é verdade que foi cancelado por um motivo. Que Mikami e a Capcom tenham dado uma segunda chance à equipe e ao novato Hideki Kamiya é algo louvável, também. O que veio a partir disso teve calibre para  se tornar clássico tanto quanto o primeiro RE. Resident Evil 2 não podia apenas ser bom, ele precisava ir além e foi exatamente isso que aconteceu.

Resident Evil 1.5

Imagem de Resident Evil 1.5

A franquia toda meio que sempre teve esse aspecto, não é mesmo? Ela sempre se reinventou. A trilogia de PS1 é icônica, mas ela mesma foi refeita anos depois. RE1 Remake é mais próximo do estilo clássico da franquia, mas ainda assim é um jogo consideravelmente diferente do original de 96. RE2 e RE3 são reinvenções maiores ainda. E, claro, temos Resident Evil 4 que, assim como RE2, também passou por inúmeras iterações (uma delas dando origem ao meu adorado Devil May Cry), mas cujo resultado também foi digno de lenda. Então, sim, Resident Evil é definitivamente uma das franquias mais importantes pra mim e tudo isso se deve ao quão genial RE2 foi e continua sendo 25 anos depois. E agora, com o lançamento do remake de RE4 se aproximando, eu não poderia estar mais ansioso para ver o que ele representará, bem como todo o futuro do grande carro-chefe da Capcom. Enter the survivor horror 🙂

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm