Em uma sequência direta de seu antecessor que também leva o mesmo nome, Kingom Come Deliverance II chega a todas as plataformas da atual geração em uma nova aventura na Boêmia, Europa Central do século XV, onde podemos controlar novamente Henry de Skalitz e seu amigo Hans Capon um importante nobre.

Durante o começo da aventura ambos os amigos tem como missão levar um importante recado para o Lorde de Trotsky, porém claro que nada seria tão fácil assim, uma vez que viagens naquele período além de perigosas poderiam facilmente demorar e demandar muito tempo.

O arco basicamente gira em torno dessa jornada que no fundo aparenta ser simples, mas nunca devemos esquecer que no período medieval tudo é burocrático, e é nesse ponto que Kingdom Come Deliverance II e nos entrega um jogo com uma estrutura massiva e brilhante.

Antes de mais nada é preciso dizer que, é possível sim jogador Kingdom Come Deliverance II, sem ter jogado Kingdom Come Deliverance, o primeiro jogo da série que inclusive merece ser jogado é muito bom, mas acaso o jogador queira começar pelo segundo, sem problemas não terá dificuldades em entender o arco narrativo, inclusive a Warhorse Studios postou em seu canal no Youtube uma recapitulação do primeiro jogo.

Mais que um mundo medieval

Como diversas estruturas de roteiro em jogos, temos as missões principais que avançam a narrativa da história e as missões secundárias, em Kingdom Come Deliverance II, as missões secundárias se interligam com as missões principais, então para o jogador é interessante realizar missões secundárias para adquirir conhecimento sobre aquele mundo e informações importantes relacionadas a missão principal e pessoas envolvidas nela.

Claro que, não é obrigatório ou sequer punitivo caso o jogador deixe de lado alguma ou várias missões secundárias que se abrem ao decorrer de sua exploração, porém se acaso o jogador obtenha alguma informação importante durante a realização de alguma secundária, pode ser que futuramente em algum momento, seja mais fácil argumentar e conseguir obter êxito em um diálogo, evitando o combate ou até mesmo ações que possam comprometer o status do personagem.

Dito isso, o mapa do jogo é bem maior do que seu antecessor, desbrava-lo é divertido e na companhia de seu fiel cachorro Vira-Lata que o ajuda nos momentos de combate e localização de tesouros ou pessoas perdidas, o cavalo também é essencial para deslocar-se além de que também é possível participar de batalhas montado nele.

O jogo te apresenta aos poucos a todas as mecânicas e possibilidades de maneira orgânica, algumas coisas o jogador irá descobrir sozinho, ou até mesmo seguindo a lógica de como as coisas funcionam, ou pelo menos costumavam funcionar no período medieval, algo bem interessante é que no menu de personagem existe uma aba chamada de códice, onde há diversas explicações sobre o período histórico do jogo, seguido de uma arte maravilhosa em formato de gravuras, recomendo demais conferir.

E quanto as batalhas?

Quem jogou o primeiro Kingdom Come Deliverance, deve lembrar-se que não era tão simples assim aprender e se adaptar com a maneira que as batalhas aconteciam, principalmente em momentos com mais de um inimigo, no segundo jogo da série a Warhorse Studios, tentou simplificar e melhorar nesse quesito, não só para que pudesse ser mais convidativo a todos, mas também que fosse divertido, sem perder a essência daquilo que torna Kingdom Come Deliverance único.

Durante as lutas de espada, diferente do primeiro, agora não temos mais as pernas como pontos de ataque, apenas laterais, cima e baixo (estocada), no começo pode parecer complexo de aprender, mas com um pouco de treino fica bem simples e super super divertido, além de que com o tempo é possível aprender combos de ataques e contra ataques, com as mais diversas armas que o jogo tem, logo é bem tranquilo o jogador escolher aquilo que mais se adapta para facilitar as lutas durante a jogatina, a dica é saber defender no momento certo e atacar sem perder stamina demais.

Henry também pode melhorar suas habilidades em alquimia e aprender poções que facilitaram nos combates, principalmente poções de veneno que pode ser utilizada em flechas (isso aqui é muito roubado), como dito anteriormente tudo é apresentado como possibilidade de aperfeiçoar e até mesmo facilitar para o jogador.

As habilidades são melhoradas de acordo com que se é utilizado baseado nelas, por exemplo, para melhorar habilidade de luta, deve-se entrar em combate ou treinar combate em locais específicos, furtividade é preciso abrir baús com gazua e assim por diante, algo muito parecido com Skyrim, há livros que Henry pode ler e adquirir experiência nessas habilidades também.

Um mundo de possibilidades

Devemos lembrar que o jogo sempre tenta retratar de maneira fiel todo o aspecto medieval de acordo com as leis daquele período, dito isso se em Kingdom come Deliverance II o jogador cometer algum crime, como roubar ou até mesmo caçar animais proibidos, será preso ou pagará uma multa altíssima, e ser preso diminui drasticamente o status social de Henry nas cidades que compõem aquele reinado.

Outra mecânica interessante e curiosa do jogo é que se Henry não se lavar/tomar banho, ficará com mal cheiro e espantará as pessoas ao seu redor, além de que será descoberto mais facilmente durante as missões devido ao seu forte odor.

Durante as batalhas Henry pode ficar sujo de sangue e sua armadura também, e é importante limpá-las sempre que possível isso irá garantir uma maior durabilidade delas durante o combate e uma boa manutenção garantirá que não fique tão caro arrumá-las depois.

Meu único alerta é que talvez Kingdom come Deliverance II não seja para todos, o jogo tem o seu foco em contar sua narrativa, usando como pano de fundo o período medieval de maneira imersiva, dito isso alguns aspectos do jogo pode não agradar certos tipos de jogadores, que preferem jogos com mais ação e batalhas, o objetivo do jogo não é contar uma história de maneira objetiva e rápida, tudo é apresentado em um ritmo mais lento e contemplativo e o ponto alto de tudo isso é que tudo que ali se passa, tem relação, nada naquele mundo está ali por acaso.

Demorei em torno de 25 horas para fazer a primeira missão após o prólogo, mas não porque o jogo me forçou, pelo contrário foi uma escolha minha explorar mais e descobrir ainda mais de tudo, é uma escolha de ritmo de cada jogador, preferi aprender mais sobre um pouco de cada aspecto, para definir qual seria minha abordagem nesse vasto mundão de Kingdom Come Deliverance II e não me arrependo ou sequer me senti cansada, sempre ligava o jogo na busca de mais e mais.

As descobertas são sempre muito divertidas e cada vez mais surpreendentes, por mais que sejam de certa forma lógicas demais, e Kingdom Come Deliverance II é isso, surpreendente.