Há algumas semanas, fui a trabalho aos Países Baixos, país que constantemente tenta nos lembrar que Holanda é apenas uma região. Graças a uma recomendação do podcast Get Played de meses atrás, eu havia me prometido que, na próxima visita ao país, dedicaria um dia para visitar o Nationaal Videogame Museum, localizado na cidade de Zoetermeer. Compartilho aqui um pouco dessa experiência.
Localizado na Rua Luxemburgo (Luxemburglaan) no centro comercial de Zoetermeer, é bastante fácil chegar ao museu utilizando o excelente transporte público nederlandês. Partindo de Haia (den Haag), onde eu estava hospedado, basta pegar o bonde 3 ou 4 e apreciar a rápida transição entre ambientes urbano, rural e novamente urbano. A parada mais próxima é a Stadhuis, mas recomendo descer uma antes, na Centrum-West, para passear pela parte da cidade repleta de lojas e restaurantes (mesmo que estivessem todos fechados no domingo de manhã quando fui).
É possível comprar os ingressos lá, mas eu comprei online com alguns dias de antecedência para não correr riscos. O site é apenas em holandês, mas dá para entender. Há bilhetes de 2 ou 4 horas, ou para o dia todo, custando entre 15€ e 27,50€. Como estava sozinho, optei pelo de 4 horas, que foi tempo suficiente para experimentar quase tudo que eu queria sem ocupar meu domingo inteiro. Com o bilhete, temos acesso livre a todos os jogos lá presentes.
Logo após passar pela catraca, percebi imediatamente que não se trata de um museu comum. Cercado por uma infinitude de máquinas de arcade, tentei começar pelo aspecto histórico. O térreo conta primeiro com salas tematizadas focando em cada década dos videogames: ’70, ’80, ’90, ’00 e ’10, decoradas como o quarto de uma criança da época. As últimas não me interessaram tanto porque eu vivi para ver Minecraft e Wii Sports nos seus contextos, mas adorei a primeira em particular. Os anos 1970 são a pré-história dos games e foi incrível experimentar máquinas autênticas de Pong, Space Invaders e Asteroids.
Outras salas presentes no térreo são dedicadas às quatro grandes marcas de consoles: Nintendo, PlayStation, Xbox e Sega. Cada uma conta com exposições de aparelhos e jogos da marca e alguns consoles jogáveis, incluindo um setup de Halo 2 num Xbox original e de WipEout no PS2. Na sala Nintendo, pude testemunhar um adolescente completamente confuso com o controle do Nintendo 64. Já a sala PlayStation oferece uma coleção impressionante da saga Metal Gear.
Por fim, há uma sala dedicada aos PCs, mas não aos Intel Core e Nvidia RTX. Nela podemos experimentar PCs históricos como o ZX Spectrum e o Commodore 64. Tentei muito fazer o Commodore CBM rodar alguma coisa, mas não tive paciência de ler todo o manual.
O restante do térreo é repleto de diversos arcades de vários gênero. Uma parte é dedicada à era de ouro dos arcades, com os famosos Donkey Kong, Pac-Man, Street Fighter e outros. Mas também temos jogos de corrida e tiro enormes e imersivos como só um arcade pode proporcionar. Chamam a atenção jogos como Mario & Sonic at the Tokyo 2020 Olympics e o Star Wars Pod Racer. Há um simulador de naves de Star Wars, uma pequena cabine com uma tela projetada em domo, mas achei o jogo meio “on rails” e um pouco decepcionante. Mas as versões enormes, multiplayer e modernizadas de Pac-Man e Space Invaders com certeza merecem ser conferidas.
Subindo as escadas, passamos pela lanchonete que, é claro, oferece pratos tematizados e inclui ainda mais arcades. Particularmente legal é uma salinha dedicada a diversas versões de Pac-Man.
No terceiro e último andar, encontramos espaços para jogos modernos em Xbox Ones, PS5s e Nintendo Switches. Tendo esses aparelhos prontamente conectados à mesma tela que atualmente uso para escrever, essa parte não foi muito interessante. Mas pode ser legal reunir um grupo grande de amigos para jogar Fortnite juntos e nunca é tempo ruim para Mario Kart ou Smash Bros.
Ainda assim este andar trouxe agradáveis surpresas, como um arcade japonês de Rhythm Heaven, uma máquina de Guitar Hero III e o meu jogo favorito do lugar: Nostalgia. Trata-se de um “guitar hero de piano”, desenvolvido pela Konami. Ao longo das minhas quatro horas, encontrei-me retornando a Nostalgia de novo e de novo, geralmente para tocar músicas de Undertale.
Descendo até o subsolo, encontramos outra amostra de dispositivos e jogos. É uma coleção meio aleatória, me deixando a impressão de serem as coisas que não couberam em outras salas, mas não deixa de conter objetos interessantes.
Já a próxima sala oferece uma verdadeira cacofonia, cheia de jogos japoneses de ritmo. Infelizmente a interface da maioria deles é só em japonês, então é bastante difícil achar músicas conhecidas para tocar — felizmente, MEGALOVANIA é fácil de identificar e está presente em quase todos. Pude tocá-la em 4 ou 5 jogos diferentes. Obrigado, Toby Fox.
A mesma sala também inclui alguns jogos de corrida modernos. Um deles tem uma pegada narrativa, feita para ser consumida ao longo de várias sessões. Em outro, meu Nissan GT-R teve uma disputa acirrada com a Lamborghini Aventador do jogador ao meu lado.
Quando surgir a oportunidade de conhecer a terra das tulipas, recomento muito tirar um dia para visitar este museu. Além dos itens históricos dos games, temos acesso livre a uma amplitude de jogos que simplesmente não podemos experimentar em casa. Me diverti mais lá do que nos autênticos arcades de Akihabara, que parecem estar deixando os jogos robustos de lado para encher de jogo da garra. Também é super legal ver crianças e adolescentes conhecendo esses jogos.
Com certeza é ainda mais legal ir com um amigo que curta games tanto quanto você. A maioria dos jogos são multiplayer e os espaços imersivos dão muitos assuntos para conversas. Se eu morasse lá perto, gostaria de revisitar o museu com frequência.
Para ver mais fotos e alguns vídeos, confira o meu álbum compartilhado.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm